Para nao envelhecer

Acabara de almoçar com o velho amigo Antonio na Barra da Tijuca e precisava de um mergulho. Ele me deixou em Copacabana. Caminhei um pouco ateh que vi esse ser branco de roupa preta.

Roupa na praia ? E preta ?

Dela mal vi o rosto.

Sentada na areia perto do mar olhava mapas e um livro "Traveling South America".

Gentilmente pedi que vigiasse minhas coisas enquanto ia ao mergulho. O Ingles dela nao era americano.

Mergulhei sem pressa.

No retorno, puxei conversa, agradeci e comecamos a bater papo. Ela parecia contente de achar alguem pra falar ingles.

Chegou uma outra amiga. Amorenada. O papo ficou animado. Veronika e Corina eram Suiças. Tiraram 5 meses pra viajar juntas. Nao se conheciam antes, foi um acordo via internet...

Esse detalhe foi o bastante pra estender a conversa. Fiquei curioso como alguem poderia escolher um parceiro de viagem daquela forma, via internet. Mas depois pensei, ja' tive namorada via internet... ta' valendo.

Aproveitando o embalo da conversa, mencionei o show do Rappa no circo voador. Fiquei sabendo desse show pelo amigo que me hospedava no rio, Ricardo Mico. Ele planejava ir ao circo com a namorada.

Convidei as Suiças e elas toparam. Marcamos um local de encontro e elas la' estavam na hora marcada.

O show do rappa eu entendi. Gostei de algumas coisas mas depois de 4 musicas nao precisava mais do volume tao proximo aos meus ouvidos. Coisas da idade. Serah ? Gritando, disse para as gringas que iria sair e ficar mais afastado.

Veronika me acompanhou. Paramos debaixo de uma das poucas arvores do circo voador e ali, ouvindo o rappa ao fundo escutei dessa menina de 21 anos sua vida na Suiça e das expectativas da viagem pela america do sul.

Ao final, andamos ate´ o hotel delas, que fica em uma regiao do baixo meritricio no Rio de Janeiro, bem proximo a Candelaria. Elas escolheram esse hotel baseadas em um taxista.

Bem baratinho e ... super barra pesada.

Corina subiu as escadarias da casa velha dizendo que ia dormir. Veronika disse que iria mais tarde. Ficamos ali, olhando um para outro, conversando mais um pouco.

Nutriamos uma pureza bonita, um sentimento daqueles de inicio de namoro, de uma amizade que estava por aflorar, romanticamente adolescente.

Ouvimos umas vozes. Um grupo de 8 homens e mais de 10 mulheres dobrou a esquina em direcao ao hotel. Alguns pararam bem na porta, outros ficaram na rua. O detalhe foi que eu e Veronica ficamos no centro deles. Rodeados pelo grupo que decidia onde passar a noite. Conversavam alto, brincando e zombando, meio embebedados. Os forasteiros e suas prostitutas.
Veronika e eu ilhamos no mar que tao corriqueiramente acontece naquela rua.
Foram alguns minutos, calados, lutando pra preservar a pureza que sentiamos em meio de força sonora, visual e energetica tao diferente.

Se talvez conseguissemos ver as vibracoes da vida atraves das cores, um observador desse momento sentiria claramente dois circulos de cores diferentes, taoisticos.

2 circulos e um momento. Cravado. Na memoria.

O grupo se foi. Ficamos ali mais um pouco, vitoriosos na preservacao de nossa aura.

Nos despedimos com a promessa de nos encontramos de novo.
O futuro fica cheio de esperanca quando essas promessas sao feitas.

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